dimanche, avril 05, 2020

AINDA ERA VERÃO

Ainda era verão
Reclamo das mesas
Calçada lotada
Isso quando não
sento, eu mesma
Em abril ou
Em setembro
Bebendo a flor
Caída no copo
Virá, desta vez
Somente em
Setembro?

Já não é verão
E aquele plano
De que você
Me aqueça nesse inverno
Outoneceu.
Se equivocou.
Amarelou.
Como folha seca,
Voo, agora, em outra
direção: PRIMAVERA 🌸


COLEÇÃO DE COMEÇOS

Cada vez que começa
Já parece que vai terminar
Cada vez que eu conto
Sinto que não vão acreditar

Por que é que não muda o padrão?
Será que eu tenho que buscar
em outras rodas
Outros mundos
Será que é a forma
de pensar?

Eu não quero essa culpa
As coisas são como são
É que às vezes a gente se cansa
Viver tantos começos em vão

Dez anos a mil
Dez dias ou mais
Intenso demais
Me faz mal
ou me faz bem?
Meu bem


AMOR EM QUARENTENA

Eu encontrei um novo amor
Esse vai valer a pena
Mas de repente nos separou
Essa quarentena

Quarentena
Quarentena
Sei que é pro nosso bem
Mas eu não aguento
Que dilema!

Quando isso tudo terminar
Será que você ainda
vai me querer?
Nostalgia, taquicardia 
Pandemia...

Deu de sofrer!
Agora eu vou ficar 
em casa
Eu vou manter a calma...

Fica em casa também.


dimanche, décembre 29, 2019

Guion

Enquanto varria a sala, pensava em todos os planos que tinham juntos e agora - pensava - já não chegariam a realizar. Só que as coisas mudam... Mas às vezes mudam de novo. É oficial: não iriam mesmo esticar até a lagoa num dia escaldante de verão. Não iriam montar piscina no pátio e também não iriam mais de bicicleta ver o pôr-do-sol. Rir, rir e rir. Não iriam, mais uma vez. A lista de quem não vai chegar a ver as fotos de criança na casa da mãe está chegando no final da folha. Como um gibi da Mônica lido várias vezes, o roteiro já é conhecido. Então por que, mesmo sabendo a história de cor, sigo lendo outras vezes? 

  

mardi, octobre 08, 2019

Alternâncias

Acordo
 Tu dorme
Logo
 Tu ronca
Não posso
 Tu sonha
Seguir
 Tu foi
Muito tempo
 Tu some
Sem pensar
 Tu responde
Preciso
 Mas sem apego
Desligar.


mercredi, juin 27, 2018

Feliz año nuevo?

Era noite de Ano Novo e estávamos em outro país. Os fogos pulavam lá no alto e nós ríamos, ríamos e ríamos. Já se podia ver o efeito alucinógeno em todos. Uma viagem ótima, com tudo planejado, no maior conforto e... *PLIM!* - Conforto. Na mudança de fisionomia do meu irmão, percebo a expressão de quem viu o mesmo que eu acabava de ver.

No Brasil, muita gente também estaria tomando champagne. Alguns certamente estavam pulando as sete ondas, fazendo promessas ou usando roupas íntimas de cor X. Bastante gente, apesar das agruras do ano que passava, estava feliz. Aposto. Mas sempre há aqueles muitos e muitas que nunca conheceram a tal de felicidade - essa que nós, bebedores de cerveja artesanal, tanto buscamos. E nunca encontramos.

Aquela noite, num país vizinho, não vimos nada diferente do que vemos todos os dias aqui em Porto Alegre. Enquanto a nossa maior preocupação era a de estar felizes naquele momento, uma cena arrancou brutalmente meu irmão e eu daquele estado de euforia: em meio ao clima de festa generalizado, aos nossos pés, um homem negro dormia na rua.

Passava da meia-noite. Todos se abraçavam, riam e festejavam. Esse homem, no entanto, não tinha a menor razão para comemorar coisa alguma. E nós, os brancos, preocupados em decidir entre a cerveja e o espumante.

Era Ano Novo e ele planejava... dormir (no chão). E nós, ocupados em não sentir calor nem frio, optando entre um casaco e outro. Já ele, na calçada fria de um bairro nobre no sul da América do Sul, tinha um cobertor. E só.



mardi, février 28, 2017

Mesmo com tudo superado, a memória é aleatória e traiçoeira. Por isso, relembrou o momento em que cantava, arrumando o quarto, depois de uma noite mágica

"De todos os loucos do mundo,
eu quis você
Porque eu tava cansada
de ser louca assim sozinha

De todos os loucos do mundo,
eu quis você
Porque a sua loucura
parece um pouco com a minha".

Lembra que seu canto era o único som no ambiente. E ele, a menos que tivesse tapado os ouvidos, escutou em silêncio. Deve se lembrar desse momento. E isso basta.


mercredi, août 03, 2016

Eu só quero que você me queira

Eu só queria saber  
se tu ainda gosta de mim 
Assim, fico tranquilo. 

Me preocupa que a resposta 
apesar do que houve  
seja apenas um não.  

Não te quis de verdade  
Mas não posso imaginar  
alguém que eu não quis amar  
sem por mim adoecer  
Sofrer.

Só me manda um sinal 
pra eu ficar mais seguro   
e seguir te ignorando. 


dimanche, juillet 31, 2016

Precaução

Somente a ideia de sofrer já lhe apavorava;
Portanto, não sofria.


lundi, juillet 11, 2016

Sinceridade Seletiva

- Em mim, pode confiar. 
  Exceto se houver interesses meus por trás, aí eu vou ter que agir em benefício próprio, sabe como é. 

(...) 

- Tudo que eu te disser será verdade.
  A não ser que eu esteja inseguro precisando ouvir algo que levante um pouco meu ego, nesse caso vou ter que falar tipo umas coisinhas que não sinto e tal.

(...) 

- Não consigo mentir nem que eu queira.
  Mas às vezes a gente faz coisa que não queria, tem uma força que domina nossa vontade e aí, quando vê, já viu, né.

(...) 

- Mas mesmo que eu pareça um pouco confuso e indeciso, estou falando a verdade, preciso dizer a verdade, é isso que eu sinto, sim, é isso, vamos continuar juntos, é o que eu quero... Acho... 


E seguiu falando sozinho...


mardi, juillet 05, 2016

Sequestro

Raptei 
Toda a esperança
que tinhas e que não tinhas
A paz, que já era ausente
também tá aqui com a gente.

Fica bem quietinha
Senão eu faço
besteira
zoeira
Digo asneira

O resgate: 
Teu tempo 
Pulsação
Atenção.

Não te garanto
Entretanto
Restituição total:
Havendo sentimentos bruscos,
poderá ser fatal!


mercredi, juin 29, 2016

Critérios - II

Pedra, papel ou tesoura!

*Papel*   
*Pedra*

... E viveram juntos por 40 anos.

Critérios

- Par.
- Ímpar.

(Cada um esticou um indicador.)

- Ok... Eu vou embora.

jeudi, juin 23, 2016

Meridianos e Paralelos

Meu Leste está quente.
O Sul, já sempre gelado,
congela novamente.
Não encosta mais em ti
minha linha do Equador.

Nos meus pontos cardeais,
não encontraste as coordenadas
Teu Norte, ainda frio
Fica pro lado de lá.


lundi, juin 20, 2016

Sonho impossível

Sonhei que era uma grande artista, importantíssima
Diversos trabalhos realizados, muito reconhecimento
Estava em uma festa de gala e então...

...Não pude seguir sonhando.
A obra do prédio ao lado precisa continuar.

Voltei a dormir e sonhava contigo
Estávamos juntos, cada vez mais juntos
Planejando viagens, dando risada...

...E acabou. 
A vizinha de cima precisa jogar coisas no chão à 8h da manhã.

Insisto em seguir deitada,
então me vi sozinha em outro país
Paisagem incrível, merecia foto
Mas tô no meio da estrada,
deixa eu vir um pouco pra trás e...

... ...Desisto. 
Não se pode mais sonhar como antigamente.


mercredi, juin 15, 2016

Autocontrole

Não quero te ver logo. 

Me explico: sempre deixei correr intensamente em minhas veias o sangue eufórico do querer pra ontem, incapaz de me conformar com a ausência do objeto da felicidade. Bonito na Literatura, possivelmente trágico na vida real, com fortes chances de se esgotar feito palha em contato com o fogo. 

Agora não. Quero dar tempo hábil para que preenchas toda a tua rotina com a falta da minha presença, que nunca deverá ser obrigatória. Espero poder degustar calmamente a satisfação por existires e seres como és. Gostaria que quisesses sempre nunca ir embora, mas depois ir e ficar feliz por ter querido ficar.

É diferente, não ouso ser o motivo dos teus próximos passos e muito menos te responsabilizo pelos meus. Queria aproveitar que não estás aqui pra poder só pensar em ti sem te ver. Ainda que te ver seja muito melhor. Ainda que eu fosse adorar que estivesses aqui outra vez...

... Portanto, não tenho pressa em te encontrar. Podemos deixar pra ontem mesmo.


dimanche, mars 27, 2016

Ligação

Na tua roupa, uma marca
De quem aqui ficou
Através da distância
Estarei contigo
Para sempre
Neste pelo
de gato 

mardi, août 25, 2015

Pingando

- E aí, como andam as coisas em Porto Alegre?

- Tudo bem. Sábado pela manhã, ao sair do trabalho, segui com os olhos uma trilha de gotas de sangue na calçada durante três quadras - dobrei na Lima e Silva, então não sei se continuava ou não. Ao longo dessas três quadras, não sei ao certo o número de gotas que havia. Às vezes eu perdia a trilha, pois alguns estabelecimentos costumam lavar a calçada bem cedo. A seguir, porém, o olhar já reencontrava aquelas pintas vermelho-escuras, ora menos abundantes, ora mais. O infelizardo teria seguido o mesmo caminho que eu naquele bonito sábado de manhã, mas de certo era sábado de madrugada, talvez um pouco mais rápido, talvez muito mais rápido, então o tempo levado para registrar aquelas pegadas no meu caminho de sábado de manhã teria sido a metade, ou a metade da metade da metade do que meus olhos levaram, no sábado bonito, perseguindo aquela trajetória granulada de cor de vida insistindo em ser vivida em constraste com o concreto do chão de Porto Alegre, tá tudo bem por aqui. E por aí?



mardi, mai 19, 2015

Zangão apaixonado

Na minha janela, 
está preso um zangão
Mas preso por fora, 
querendo atenção.

Te peço que sumas
Não tenho o que queres
É inútil que insistas
Tua casa te espera.

A luz amarela
é nova no teto 
No entanto, não quero
inseto aqui dentro.

Não adianta zumbires
com o teu galanteio
que alguém eu te lembro,
que tenho o teu mel.

Não tenho essas asas
ou listras no corpo
Mas levo, confesso
o nome de abelha...

jeudi, avril 16, 2015

Momentos inesquecíveis

Todos os dias, voltava de trem. Todos os dias, lia alguma coisa pra passar o tempo. Todos os dias, sentava ao lado de alguém. Via muita gente todos os dias. É muita gente que pega o trem. Mas, naquele dia, lia O Primo Basílio, e nem havia sentado a seu lado o rapaz que, de pé, entre mochila, gente e aperto, se esticou para indagar: - A Luísa já encontrou o Basílio?

Todos os dias, agora, voltava de ônibus. Todos os dias estava cheio, mas dessa vez não. Mas todos os dias havia, mesmo assim, alguém a seu lado. Todos os dias, pessoas usavam fone de ouvido. Mas foi só nesse dia, lendo sobre Tantra Yoga, que o rapaz ao lado, sem dizer nada, lhe ofereceu um dos fones. Era música indiana. - Escuta mais. - e lhe deu o outro fone.

jeudi, avril 02, 2015

jeudi, mars 19, 2015

Coragem

Haviam dito, muito tempo atrás, que não saísse sempre vomitando verdades na cara dos outros. Era uma época em que existiam tantas verdades, que ficava impossível não denunciá-las. Fazia isso de corpo e alma; o corpo fervendo, mas a alma lavada. E tinha bons amigos. Isso não era problema - ao contrário, talvez fosse justamente por tamanha sinceridade que eles se aproximavam e não se afastavam mais.

Passa o tempo... senhor soberano, mas também cruel. A famosa teoria do produto do meio seguia fazendo muitas vítimas! E aqueles que desejam mudanças são os mesmos que não querem mudar. O problema, pois, é sempre na grama alheia. Eis que surge mais uma peça na engrenagem da fábrica freadora de verdades. Não interessavam seus motivos! Adeque-se já. E nasça sabendo como.

Agora, as verdades ainda existiam, mas estavam diferentes. Já não as revelava tanto, nem da mesma maneira. Também estava diferente. As pessoas não querem saber a verdade e, por isso, passam a encomendar aos outros verdades inventadas. Com o tempo, o processo alcançou dimensões inimagináveis, a tal ponto, que as verdades passaram a ser nada mais que mentiras, verdades alteradas, opiniões forçadas e estratégias de persuasão. Antigamente, jamais lhe agradaria ser peça dessa engrenagem, mas o tempo passou, o sistema cresceu e a verdade morreu. Passou a ter um sangue muito tranquilo circulando nas veias. Quase parando. Não precisava passar por situações tensas, nem peito bufando ou nó na garganta. 

Manipularam as suas verdades! Aquelas, que sempre haviam saído tão translúcidas e impregnadas de ideologia. Não sabia a quem culpar. Talvez devesse culpar a todos. Talvez devesse culpar a si! Como pôde deixar que levassem embora a sua coragem? Agora, o mundo já não tinha verdades, e sabia que tinha culpa nisso. Passou a acreditar em tudo o que diziam, só que ao contrário. Afinal, as pessoas também não gostavam que não acreditassem em suas falsas verdades. Então fingia. E, ao fingir, encarava tudo publicamente como verdade. Caso ficasse chato esse clima totalmente sem autenticidade, ninguém ficaria sabendo, afinal, tudo era teoricamente verdade. No entanto, todos sabiam que era mentira. E essa segue sendo, até hoje, a única verdade. Já não vomitou suas antigas verdades. Deixou tudo limpo e calmo. No espelho, o reflexo do que não existia: nem ele havia conseguido escapar do novo sistema.

mardi, décembre 23, 2014

Quando eu bem entender

Quando eu bem entender
Vou entristecer
E, depois,
Reaparecer.
Surpreender.

Como se não bastasse
Vou controlar
Teu modo de lidar
Sem nada falar.
Te deixar no ar.

Experimenta aproximar
O corpo e o olhar.
Que eu vou me vingar
Do que nem sei dizer
Quando eu bem entender.

Não posso disfarçar.
Só sei exercer
Meu ébrio poder
De manipular.
E adorar.

lundi, juin 02, 2014

Medinho

Para bom entendedor, meio covarde que prefere não dizer as coisas e deixar subentendido tudo o que seria tão simples dizer com clareza e sinceridade basta.

mercredi, février 26, 2014

Faxina

Nessas mágoas 
que eu sinto
Passei álcool:
ficou limpo.

lundi, février 10, 2014

Justificando cagadas

Gostava tanto
Tanto
de novela
Que só fazia merda
Pra depois
poder corrigir
e viver 
um final
feliz?

lundi, novembre 04, 2013

Só colho flor do chão. Flor morta. 
Mas, pensando bem... Ao colher, creio que deixam de estar mortas, não é verdade?

RESSUSCITA-SE FLORES

jeudi, octobre 03, 2013

Até que enfim

Juntei do chão a primeira da estação.  :)



dimanche, juin 02, 2013

O nada-óbvio-utópico

Sofria - era essa a palavra - por tudo que desejava, ao mesmo tempo, em doses cavalares e sempre intensas. Era bom, mas sofria - de tão bom. Eram tantas as possibilidades, e a vida recém havia começado. Exatamente por isso é que não havia tempo a perder! Queria, e rápido, desvendar essas possibilidades mundo afora, ainda que fosse pra depois não escolher nenhuma delas e voltar pra casa - própria. Queria ter uma casa, aliás... Mas não havia tempo de ter uma casa, porque o mundo estava lá esperando, a casa que ficasse pra depois. Ou mundo, ou casa. Agora era diferente: queria tudo ao mesmo tempo, com muita música; O igual poderia esperar. Ficaria para quando já não restassem opções tão diversas e motivadoras de viver. 
Entretanto, nada estava assim, tão organizado: torcia para que esse futuro-igual-convencional não chegasse nunca!

jeudi, février 14, 2013

Criar - II

Falava da tal sensação boa de esquecer um amor com outro até esse também decepcionar tanto quanto os anteriores, mas enquanto isso não acontecia, preservava a mesma expectativa, da qual sempre se arrependia depois.

dimanche, février 03, 2013

Criar

Cristina criava galinhas. Sempre acharam um hábito meio avô-do-campo, julgamento que já não a incomodava. 

Já Teresa, atingida a idade adulta, passou a criar insetos. Abandonou a carreira de bióloga, mas permaneceu esse resquício e, obviamente, todo mundo comentava com estranhamento.

Pedro era artista. Criava histórias em quadrinhos, situação que, apesar de já ser bem diferente dos casos anteriores, compartilhava com eles o mesmo problema: o julgamento alheio.

Ana Maria, por sua vez, criava histórias. Mas, dessa vez, a questão era mais problemática: criava histórias; portanto, histórias falsas. E sobre as pessoas: era fofoqueira... Também era criticada.

Juarez, coitado... criava a própria forma de se sustentar: vendia assinaturas de revistas usando argumentos duvidosos. Não faltavam reclamações, além das dívidas de sempre.

Mas queremos falar, em especial, da Amanda. O caso dela não tem exatamente o mesmo fim, é complicado e doloroso. Esperemos que essa moça se recupere, pois as consequências são muito graves. Pode pôr tudo a perder na vida, que é sempre tão imprevisível. O sofrimento e as críticas, dessa vez, eram muito piores... 

Amanda - vejam só! - criava expectativa. 

samedi, septembre 22, 2012

Outros olhos - IV

- Viento...

- Qué pasa, chama?

- Em Caracas não tem flor lilás!!

vendredi, août 03, 2012

Seja doce!

- Puxa, tu sempre foi doce, assim...?

- Não. Aprendi na marra.