lundi, mars 24, 2008

Incoerência

Me dizem que vai fazer sol
e saio de guarda-chuva
Na luta por não renunciar,
entrego minhas armas
Buscando sentido nas coisas
me encontro perdida em respostas
Só respostas
para as perguntas que não (me) fiz.

E me engano com as verdades
que, com muito esforço, criei.

mardi, mars 18, 2008

(In)exatas da vida

Não digam que não falei,
eu avisei
a pior temática é a má,
a mais má - temática
que de tão exata nos engana,
deixa de cama,
rouba-nos o fim de semana
tira delicadeza de dama: dama má - temática

Fez-me, essa malvada, um jogo não tão exato
o jogo da paciência...

A paciência é (má)temática!

jeudi, mars 13, 2008

Proparoxítona

(Des)complicada e sonora
Charmosa e imponente
Só três saltos até o coração da gente
O que pretendes, minha senhora,
ao declamares isso agora?

Quem sabe não se dá carona
aos sentimentos onipresentes
nessas sílabas tão suficientes,
convidando-os a seguir para a frente?

Venham sem cerimônia,
mas o espaço dá só pra um vivente

lundi, mars 10, 2008

Da série "escritos abandonados":

Eu não cozinho, tu cozinhas, ele também não cozinha, nós - é raro - cozinhamos, vós (vocês!) cozinhais, e eles...? Ora, eles que cozinhem!

mardi, mars 04, 2008

(Re)fôrma

Aurélio, Aurélio meu
o que será do "céu" sem o acento seu?

O que será dos poemas que vierem a exaltá-lo?
Terá, ele, o mesmo encanto de outrora?
Quando o poeta, taciturno, perdia-se em suas estrelas
A formar um abecedário de nuvens

Que fim levará o humilde tracinho,
que sempre equilibrou o meu céu?
Céu sonoro, céu tão doce...
tão eloquente, ó céu que dribla
qualquer obstáculo da língua!

É bem verdade: o céu precisa mudar
talvez ele tenha cansado de ser tão "ele mesmo"
Um céu, povo, também pode se rebelar!
E ele há de fazer a revolução
antes que o povo a faça.


* em 14/10/07

dimanche, mars 02, 2008

Luísa - Chico Buarque

Por ela é que eu faço bonito
Por ela é que eu faço o palhaço
Por ela é que saio do tom
E me esqueço no tempo e no espaço
Quase levito
Faço sonhos de crepon

E quando ela está nos meus braços
As tristezas parecem banais
O meu coração aos pedaços
Se remenda prum número a mais

Por ela é que o show continua
Eu faço careta e trapaça
É pra ela que faço cartaz
É por ela que espanto de casa
As sombras da rua
Faço a lua
Faço a brisa
Pra Luísa dormir em paz


--------


* Parece que ele adivinhou o (futuro) nome de minha (futura) filha: Luísa, assim mesmo, como a do Primo Basílio. Poderei até cantar para ela dormir - em paz :)