samedi, septembre 22, 2012

Outros olhos - IV

- Viento...

- Qué pasa, chama?

- Em Caracas não tem flor lilás!!

vendredi, août 03, 2012

Seja doce!

- Puxa, tu sempre foi doce, assim...?

- Não. Aprendi na marra.

mercredi, août 01, 2012

Auto-persuasão

Estava tão nervoso, que precisou fingir que não estava e, nisso, acabou se convencendo a tal ponto, que nem estava mais nervoso.

vendredi, juin 29, 2012

Hay que endurecer... pero sin perder la IDENTIDAD jamás


Desta vez, a escolha do lugar no ônibus não seria como as outras. Ela foi muito mais triste. Atrás de mim, uma guria e um guri conversavam. Ela lhe perguntava o que ele fazia na Universidade no dia de hoje. Ele respondeu que era horário da bolsa em que trabalha. Ela pergunta, então, que curso ele faz, evidenciando a falta de intimidade entre os dois.

"Ciências da Computação. Mas queria fazer licenciatura em Física."

"E por que não faz?" - pergunta a guria.

"Meus pais não deixam." ... "Eles não querem que eu seja professor."

Talvez tanto quanto eu, a guria deve ter ficado chocada com o que seu pseudo-conhecido relatava. Seguia perguntando, sutilmente, por que ele não fazia, mesmo assim, o que gostava, por que os pais não queriam que ele fosse professor, se era porque ganhava pouco... 

Pior: era porque não dava 'status social', diz ele. Tudo, tudo, com um tom de voz tão resignado - principalmente quando contou que foi expulso de casa pelos pais porque tinha se matriculado em Física, mas aí voltou atrás -, que sou capaz de dizer que tinha um semblante tão conformado quanto a voz, mesmo sem ter ousado olhar pra trás até ele descer. Ainda disse que o pai é engenheiro e a mãe, arquiteta. O irmão, mais velho, faz Engenharia da Computação na PUCRS. 

E perguntava sobre as coisas que a guria falava (visivelmente tentando iluminar a mente tão alienada dele). Ela teve que explicar o que significava 'caráter', 'honestidade', 'identidade'... e dizer que a pessoa pode acabar perdendo a identidade, o que - grifo meu - é muito mais sério do que perder o documento com o número do RG.

Depois de alguns minutos de silêncio ele fazia outra pergunta qualquer, de certo constrangido com o silêncio (creio que chocado) dela, que, pra mim, dizia muita coisa. Em algum momento ele disse que, se/quando vier a trabalhar, vai morar sozinho e trocar de curso.

Mesmo que ele tenha descido antes, não tive coragem de falar com a guria, mas tive vontade durante todo o caminho. Desisti de descer na mesma parada, mas fiquei mais aliviada porque escrevia esse relato praticamente ao mesmo tempo em que tudo acontecia.

Se tive vontade de chorar enquanto ele narrava o próprio fracasso, seria mesmo EU a anormal? Ou será ele, em sua completa infelicidade? 

lundi, juin 18, 2012

Imagem em palavras

Estava passando pela sala e me aproximei da janela. Havia chovido o dia inteiro e restavam várias gotinhas pelas hastes de todo o varal. Em meio à escuridão total, em que talvez o foco de luz mais próximo fosse o da janela de um vizinho, era possível apenas ver as gotinhas, iluminadas feito luzinhas de Natal. Já hesitante devido à (falta de) qualidade da minha câmera, decidi, na hora, que deveria ao menos tentar tirar uma foto. Flash estava descartado. Sem ele, porém, não se veria absolutamente nada. Ainda assim, fiz preces para que milagrinhos como modo noturno, ISO e laterninha do celular por trás pudessem resolver alguma coisa, na minha total ignorância para fotografia.
Em meio a cuidados com janela aberta e gatos brincantes no escuro, fiz tentativas praticamente inúteis.  A representação daquela linda e efêmera imagem, pelo visto, insistia em não ser eternizada senão na minha memória. Não queria, de certo, virar objeto de contemplação em massa, que é o que acontece com toda e qualquer imagem, hoje em dia. Queria apenas existir, ali, naquele momento noturno e solitário. Mais ninguém saberia que ela existiu, além de mim. Não passaria de um fato cotidiano e quase tolo, que nada tem a ver com arte. Não passaria... mas passou. 
Falham as tecnologias, faltam os conhecimentos técnicos... No entanto, o poder que a palavra tem para descrevermos a cena que quisermos, da forma que quisermos, com ou sem luz, jamais falhará. Eu lancei as palavras. A cena, agora, fica por conta de quem ler.

jeudi, mai 03, 2012

A dialética do "eu te ligo": uma introdução

Zezinho nunca se havia perguntado sobre a lógica de se prometer algo sem a intenção de cumprir. Ou, talvez, sem saber se estaria a fim de cumprir, depois. 
Exemplo: não havia pressão alguma, nem expectativa ou qualquer cobrança. Ainda assim, prometia ligar no dia seguinte. Ou depois (ou depois de depois). Ou sequer mencionava o dia. O fato é que ele dizia - mesmo que isso nem tivesse passado pela cabeça da criatura em questão - que iria ligar. 
Mas pra quê? Pois ele nunca havia parado pra pensar nisso antes. Apenas seguia prometendo-e-não-ligando-depois. Por quê?



Esta é a primeira etapa do projeto de pesquisa, que segue em andamento, ainda que vagarosamente. Os resultados parciais foram: "não sei".

jeudi, mars 08, 2012

EURRI

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jeudi, février 23, 2012

Outros olhos - III

- Vento...


- Quê?


- O calor de Porto Alegre derreteu as flores lilás.