lundi, décembre 28, 2009

Ela se foi

Escapou por entre meus dedos.
Quanto mais segurei,
mais se esvaiu nosso laço.
Pensei que a ouviria depois,
mas ela não pôde esperar
Tem pressa para visitar
um outro qualquer por aí
Perdoe, leitor, mas perdi
o que antes deveras sentia:

adeus, inspiração.

lundi, décembre 14, 2009

Garçom do bar Pinguim agrediu meu amigo porque nos negamos a pagar os 10% OPCIONAIS

Para todos que frequentam a Cidade Baixa, em Porto Alegre - RS e, mais especificamente, o bar Pinguim, na Rua General Lima e Silva, 505 (telefone 3221-3361), esquina com a Rua da República:

Ontem de madrugada, quando eu e meu amigo fomos ao caixa pagar, dissemos o valor da conta para o garçom que a fechou fora do caixa. Ele disse outro valor maior e eu insisti no valor certo. Descaradamente, ele começou a tentar nos constranger, como se não existisse uma lei legitimando a não obrigatoriedade do pagamento dos 10% (que paguem direito seus funcionários, não? Eu é que infelizmente não posso pagá-los).

Disse mais: "então não venham mais aqui". Diante de tamanho absurdo, me dei ao direito pelo menos de chamá-lo de "infeliz". Nisso, terminávamos de pagar (apenas o que consumimos) e DO NADA veio um soco, de outro garçom, na cara do meu amigo. Mal pude entender que não era o mesmo que nos atendia, na hora, porque vi de relance.

Enfim, na mesma hora o agressor fugiu para dentro do balcão, conforme meu amigo. Acabei não vendo isso porque nesse momento fui ligar para o 190.

Enfim, o resto já não importa tanto, mas creio que todos devam saber o que acontece na nossa cidade e que poderia ter acontecido com qualquer um. Se é culpa do bar? No momento do soco, o indivíduo ainda era funcionário do bar. Depois, já não sei. Dizem que não. Ou seja, se ele sumir, o bar tem que responder. E, pelo visto, o critério de escolha de funcionários está péssimo por lá. Ou seja, tomem cuidado.

Por favor, divulguem o caso entre amigos e conhecidos. A qualquer momento, isso pode acontecer de novo com qualquer cliente do bar, como já comecei a descobrir que aconteceu com várias outras pessoas.


Obrigada,

Melissa.

13/12/2009

vendredi, décembre 11, 2009

Visita virtual não-correspondida

Vi teu perfil
tu não retribuiu

Eu sei que tu me viu
no meio-fio
mas é que tu fingiu
que não me viu
porque me olhar é vil
Porém sentiu
que o olhar atingiu
E eu, encantos mil,
vi teu perfil.


...tu não retribuiu.


Ei, psiu! Vá pra ponte que rachou.


lundi, novembre 30, 2009

Paradoxus ad infinitum

cansei. cansando, desisto. desistindo, aprendo. aprendendo, não erro mais. não errando mais, vou fazer o que, depois?

jeudi, novembre 26, 2009

Pesadelar

Tive um pesadelo quando acordei
porque sonhei que tudo era lindo
e, quando acordo, vejo que sonhei
Até quando serás só isso?
Até quando, fruto de meus pesadelos?

mercredi, novembre 25, 2009

O tempo vai fazer com que eu esqueça

”Se me fosse dada, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.” 


Mário Quintana

mercredi, novembre 18, 2009

Depois

Após a despedida, baixou a cabeça para enxergar os degraus da escada que desceria - caso contrário, veria por fora dos óculos - e, por muito tempo, não levantou-a mais. Aproveitando o momento, começou a refletir sobre o que via para baixo, como seus tênis, a areia no chão do coletivo... Mas, no meio do caminho, havia pernas. Dando-se conta de que eram suas, tentou fingir que elas lhe dariam sustentação para seguir em frente. Mas não acreditou. Ora bolas, quem não tem pernas? Quem não anda? Seguir em frente é outra coisa!

Se, no entanto, vocês não entenderem a metáfora, considerem que não levantou mais do banco naquele dia. 

Antes

M'ias unhas, espelhos
Só nelas te vejo
quando o amanhã
espero, e do dedo
as ganas por ti
depredam a pele
pensando te ver
e por te querer
confundem fina flor
com a flor da pele

samedi, octobre 31, 2009

Você corre o mundo tentando chegar

Não é legal a impressão de que certo alguém não existe mais. De que o teu próprio passado te parece hoje virtual. As emoções de hoje não são melhores só porque são as de hoje... Tudo foi importante. Tudo. Principalmente a parte ruim.

mardi, octobre 27, 2009

Outoneceu a primavera

Certo dia, me pediram que escrevesse sobre o outono. Sem, de maneira alguma, alegar que não se tratava de um assunto inspirador, respondi que, naquele momento, outros devaneios permeavam minha mente e tinham, para mim, consideravelmente mais relevância do que a linda estação das flores no chão. Felizmente, o tempo passa. Um outono passou, muitas novas ruas passaram, e aqui estou eu, escrevendo sobre o outono, ou, por que não dizer "escrevendo sobre não escrever sobre o outono"?
Ao mudar de ideia em relação a fontes de inspiração para escrever, concluo, entretanto, que sequer há palavra a ser dita sobre uma cena como esta:
























No outono que vem, quem sabe, eu escrevo sobre O Outono...

mercredi, octobre 21, 2009

Ipê Roxo

... que de roxo nada tem

samedi, octobre 17, 2009

Receita de como aguentar a saudade de um amigo

Prepare o coração para os próximos 2 anos. Separe a noção de tempo da distância e reserve. Despeje as lembranças boas sem o esquecimento. A seguir, finja que o amigo está sempre por perto, já que é possível encontrá-lo todos os dias na internet e visto que telefonemas, de lá para cá, são muito baratos. Não esqueça de disfarçar a falta dele na frente dos outros: as pessoas têm complexo de psicólogas e nunca deixarão de querer te confortar, citando o lado bom de ele ter ido para tão longe. Acrescente, enfim, a noção de tempo que estava reservada e saiba que, embora o tempo passe, no início não há dor que diminua diante do amor e dos momentos tão bons que esse amigo em carne e osso proporcionou. Aliás, acrescente o amor, também. Caso contrário, a distância (que também estava reservada, em outro pote) pode fazer essa amizade abatumar, e aí, amiga confeiteira, não há fermento que a faça crescer novamente!

vendredi, octobre 09, 2009

Do não-conformismo

Não se conformava com nada. Se chovia, reclamava de ter que levar o guarda-chuva; porém, se fazia sol, dizia que a exposição demasiada a ele poderia causar danos à pele, mesmo não sendo, assim, tão branquinho - aliás, também não lhe agradava seu tom de pele.
E numa dessas, passou a reclamar também de falta de atenção, de modo que não aceitava o fato de a mocinha da locadora não convidá-lo para sair. Claro: também não se conformava em ter que tomar iniciativas. Ela que o convidasse, se assim quisesse. Sendo assim, acabava cada vez se relacionando menos com as pessoas. Não era justo que não fosse interessante aos olhos dos outros! O que há de errado com eles? E com elas? É tão difícil assim entender um olhar? Meia palavra já não basta mais? Na verdade, acreditava que palavras em dobro só piorariam tudo, embora fosse um tanto falante. Que tática nova adotar...? Como proceder? - eram as tormentas (cada vez mais) diárias que habitavam a cabeça desse pobre vivente.

Quando já não adianta mais mudar o caminho de volta a casa ou pegar um ônibus diferente, em horário diferente, com humor diferente, esse ser-humano se pergunta: será que não existe mais nenhuma forma de mudar esse destino de um ninguém tão fadado ao nada?

vendredi, octobre 02, 2009

Pequenas Coisas Boas

O homem que vem e assobia,
Rua da Praia, nascendo o dia
faça chuva ou faça sol,
assobia em RÉ, em SOL

As ruas são sujas de dia
E, ainda assim, ele assobia.
São sujas, também, de noite
e ele alegra um monte
os passantes, é como um "bom-dia!"

Do rosto amassado e cansado
com que acorda o cidadão
Brota um sorriso encantado,
surpreso com o canto em vão.

Mas em vão não há de ser
enquanto ele não quiser
Pois sabe como fazer
pr'alegrar a um qualquer.

Basta engatar a marcha
dos lábios, que sabem o proceder.

Essa manhã, meu bom senhor,
a Rua da Praia esteve menos vazia.


25/05/2009

samedi, septembre 26, 2009

Da vagareza

Tartarugas são conhecidas por caminharem lentamente. Aos seres-humanos, a lerdeza não é necessariamente uma característica inerente. A verdade é que muitos tartarugas seguem por aí fazendo corpo-mole, a fim de se convencerem de que realmente são nada mais do que isto: tartarugas. Uns mais, outros menos. Mas sempre tartarugas. "Devagar e sempre", como dizia o outro. A pressa é inimiga da relação?

jeudi, septembre 17, 2009

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Nessa rua não há,
que eu não tenha pisado,
uma lajota só.
Que eu não tenha voado,
nem um pedaço de ar.

Se pode haver sentimento
que eu não tenha sentido
entre os concretos da rua...?


Nos paralelepípedos dessa quadra,
ainda sou toda saudade.

mardi, août 04, 2009

Nota

Este é um blog. Como todos, se dá o direito de ser fictício quando for, não-fictício quando não for. Também se dá o direito de não ser, assim, tão específico. Portanto, seja bem-vindo e boa leitura!

dimanche, août 02, 2009

Basta

Não queriiiiiiiiiia toda essa intensidade! Nem pensar em assuntos alheios dá mais, quando a ansiedade assalta esperando que chegue o tão esperado dia, ou, chegando, que espere a tão chegada noite. É bonito só nas poesias, mas isso não é poesia, e não faz bem, porque a gente não sabe o que esperar dos outros, a gente não sabe se espera que cheguem ou se chega uma hora que não podemos mais esperar - mas continuamos ali, esperando. Seria tanto melhor sentir mais ou menos, assim, que se rolar tudo bem, se não rolar tanto faz. A indiferença tão ensaiada na hora não sai, porque sai falsa, e tudo o que é falso não há. Um pouco de indiferença, meu senhor, por favor! Já não lhe cabe tanto sentimento assim desenfreado, e seria injusto não deixar um pouquinho para os que nem sabem o que é isso. Quantas sensações. Doa-se sensações! Tratar aqui.

"Era cerrar los ojos y dejarse llevar;

...pero te fuiste yendo(...)"




No Te Va Gustar

dimanche, juin 28, 2009

De doce, só o nome. Nem melhor do que se imaginava, nem o pior possível: era tolerável - mas não tolerante. De suave, só os gestos, só que esses enganam. O que o corpo não expressa, o coração sente (em dobro). Era uma surpresa de muito mau gosto, isso sim - diriam -, dessas que ninguém compreende e nem faz questão disso. Mais cômodo é fingir que nem existe!

Mas ela existe.

jeudi, juin 25, 2009

Auto-retrato alheio

Nada é mais triste que inteligência e vivacidade transformadas em desânimo e baixa auto-estima. Quem há (nem tão) pouco era recheada de sonhos e eternas dúvidas, hoje teima em prever seu fim, já sem muito do que duvidar. De que valem, cara, essas certezas? Relembra os teus questionamentos e traz eles à tona; nada é mais gratificante do que sempre duvidar.

Certezas... essas são para os fracos: por medo de admitir que nada sabem, vestem-se de ocas e irrefletidas convicções, levantando a bandeira do nada. E aquela mesma pinta que, bem sabia, deveria orgulhar-se da eterna busca pela outra face da moeda, hoje sofre por não mais ter coragem de tudo questionar.

Eis a transformação.

jeudi, juin 18, 2009

Ser ser-humano

angústias não assaltam somente à noite. a cada dia, a cada minuto, pois o tempo urge, assaltam na calada do dia, nas tagareladas da tarde, e principalmente na calada da madrugada. assaltam porque suas angústias lhe assaltam, porque suas angústias lhe assaltam, porque suas angústias lhe assaltam, porque suas angústias...

lundi, mai 11, 2009

É, vai chover de novo.

Depois de um retorno após três anos de distância, nada mais faria tudo ruir. Era o que parecia, no começo. Dessa vez, de forma sutil, o "tudo" veio cada vez esfriando mais, entretanto. Bem verdade é que tentativas enganosas de culpar a falta de tempo da vida adulta eram eleitas, muitas vezes, como uma forma de autoinjeção de ânimo. Não haveria outro motivo alheio a este: era por causa dela. Ela, que nem sempre fora a mais sensata das criaturas, mas que sabe-se lá com que lábia manipulou a situação de modo a lhe favorecer, e lá se foi tudo de novo - mas assim, de forma disfarçada, aos poucos. Nenhum acontecimento chocante: apenas tudo parecia ruir lentamente. O pior pesadelo. Tantos foram os anos de cumplicidade!

Mas a cumplicidade alheia falou mais alto: nessa história só há lugar para um(a) cúmplice.

dimanche, mai 03, 2009

Opereta

Como som de violino arranhado: era assim que se sentia. Ou melhor, era assim que sentia como lhe encaravam. Era transparência demais para uma pessoa só. Diziam-lhe que não podia sair por aí cortando o barato de tudo, estragando aparentes momentos de perfeição que eram vividos pelos outros.

Violino arranhado... Sempre le gustaron as metáforas. O que não agradava muito eram as críticas sem fundamento. Seu mundo arranhado parecia-lhe muito mais convincente do que aquele, cheio de magia, ao qual preferiam os outros. Vivera sempre de verdades: como uma música que realmente para no meio, se algo não está bom. Não importava se houvesse um público ansioso pelo final. Se necessário, falaria a verdade, doesse a quem doesse.

Doesse à vara ou ao violino.

dimanche, avril 26, 2009

Terapia?

Cada um tem a sua. Uns pagam fortunas por semana para conversar com alguém que talvez precise mais ainda de alguém para conversar do que o próprio cliente em questão. Outros, não tendo e$$a opção, fazem artesanato para vender na rua. Existem, porém, muitos casos mais complexos. A pergunta é: quem se entende completamente? Quem sabe de seus gostos, de suas aspirações e, para completar o clichê, de seus medos? Suspeitamos, no máximo. E se por acaso chegamos perto da compreensão, logo já muda tudo. Tem algo estranho que nos foge à razão, e muitas vezes é tão inconsciente, que não passa de uma possível pulga atrás da orelha. Ou parece não passar, e é justamente isso o intrigante! Como descobrir, como decidir se certas atitudes devem ou não ser tomadas? Escrevo de forma genérica que é para tratar de um tema bem genérico, mesmo. Antes fosse genético; assim, a culpa não seria minha, digo, nossa.

Ou todo mundo tem problemas sérios, ou ninguém tem nenhum. É tudo tão relativo quanto a fidelidade de Capitu, com o perdão de mais um chavão. Não tentemos entender, portanto, algo que não se explica em consulta alguma, fazendo regressão ou não. Deixa o espírito, ele não está tão mal assim. É só na hora que parece. Aos trancos, todo mundo se cura. Uma boa conversa, é claro, não atrapalha em nada. Disso sim, devemos abusar. É de graça. Trauma de verdade, para mim, seria a conta de um psiquiatra, no final do mês.

mercredi, avril 15, 2009

O paradoxo dos prazeres

Para não começar dizendo que tudo o que é bom dura pouco, permita-me refletir sobre algo mais complexo ou mesmo biruta: o que é bom?

Não são poucas as vezes em que, ao protagonizar situações nas quais deixamos de obter as vantagens ou os prazeres de sempre, julgamo-nos azarados. Passado um tempo, o trauma acaba virando lição de vida. Estou errada? Ser-humano algum admitirá, no passado em questão, que não sabe o que é melhor pra si. E está mais do que certo. Na hora, sempre sabemos. Entretanto, mais além, não só os outros sabem como nós mesmos sabemos que nada sabíamos. E daí?

Que bom. Assim, a sensação de azar passado fica apenas nesse (remoto ou não) passado. A impressão de aprendizado impera diante desse confuso paradoxo entre certo & errado. Ah, mas antes de dar errado... Como é bom! Um sentimento "bom", seja qual for, não está preocupado em ser legítimo ou consequente. Se parar pra pensar, estraga. Ele quer se sentir e sentir ao outro, por completo e sem medo, como se qualquer desconfiança de alguma relatividade arrancasse de vez essa certeza intensa - e, por vezes, assustadora - de que era o momento perfeito.

Talvez esse paradoxo todo seja como a saudade de algo de que não fazemos questão que volte - e isso é uma das melhores coisas que se sente, tão-somente por se sentir. Sem cobrança. Fica só na lembrança.

Tudo a seu tempo: que os prazeres do passado tenham eternamente o seu lugar na memória, não importando se já não são mais verdadeiros ou se ainda são. No futuro, cabe a eles a decisão de continuarem encantadores ou de apenas ficarem na história.

samedi, avril 04, 2009

Em cima do muro

O que sempre transmito aqui são opiniões, entretanto... lá vai: todo mundo adora ter uma opinião. Sobre tudo quanto é assunto, sempre tem-se demasiadas colaborações que renderiam um debate, não fossem elas tão infundadas. Exemplo: a Reforma. PAREM DE PERGUNTAR SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA! Eu não quero falar desse assunto. Tem quatro anos, ainda. Te acalma. Também não quero saber quem concorda com ela, quem não concorda, quem acha que só querem dificultar ainda mais a nossa vida (que maus são "eles"...), quem acha que não vai conseguir se acostumar(...) Quem acha isso é porque não redige mais do que a lista do supermercado. Pronto, falei. Hoje estou terrível. Sou capaz de dizer, inclusive, que a fala não vai mudar. Vejam só! Não staremos a flar como em PurtgaL e nem Cab Vérd flará como nós. Todos continuaremos a flar linguiça da mesma forma (espero).

Vamos ao que importa: eu nem sempre tenho uma opinião. Sério. Isso é uma opinião, claro, mas não me enlouqueçam, essa opinião é, na verdade, a presença da ausência de uma opinião. Por favor, não se force a pender para algum lado, porque geralmente esses ditos lados convergem, daqui a pouco. Posicionar-se sobre todas as situações pode se tornar embaraçoso quando não houver necessariamente um posicionamento. Senta no muro e enche o peito pra dizer que não sente nada pela Madonna ou pelo Michael Jackson, por exemplo! Afinal de contas, por acaso eles sentem algo por ti?

mardi, mars 31, 2009

Ao ego

Não temos amor próprio. Gostamos é de um outro(a) que reside dentro de nós. Chegamos a idolatrar esse ser, pois, diferente do nosso verdadeiro eu, esse outro tem uma imagem a zelar: falo dele mesmo, o ego. Um cara perfeito, latino de nascença, com lábia e charme de sobra. Não fazemos nem sombra perto de nosso ego. Ele é fashion. Colorido. Está sempre tentando provar algo a (ou de) alguém, isso quando se presta a esse trabalho... afinal de contas, quer coisa mais unânime que o reinado desse nosso "outro eu"?
O ego engana a todos, até a nós mesmos - mas não a si. Engana, inclusive, que é outra pessoa, quando na verdade não passa de um quê de carência dentro de nós. O seu (ou o nosso?) orgulho ferido não lhe permite admiti-lo, no entanto, porque sua existência autônoma depende unicamente de uma personalidade própria. Como ele não tem uma, rouba a nossa.


O ego é ladrão.

jeudi, février 19, 2009

Bem com os homens, mal consigo.

Se somos sinceros demais, não gostam da gente. Se de menos, também não gostam. Querem que sejamos o equilíbrio perfeito de tudo o que há de mais equilibrado nessa vida. Ter essa opinião generalizada é tendencioso; logo, sou uma pessoa desequilibrada. Então não gostam de mim. Fazer o quê? Só há duas alternativas: seja quem você é sem-se-importar-com-o-que-pensam-tô-nem-aí, ou então sirva de molde para ser ser-humano perfeito e pode-se (de podar) a cada crítica. As opções tão aí, 50% de chance de dar certo. A não ser que não haja alternativa correta, e nesse caso o que acontece é a anulação. Linguagem técnica de concursos à parte, a metáfora convém, sim. Se não agradamos às pessoas de nenhuma forma, passamos à autoanulação (sem hífen - pra não perder a piada da moda, a la réforme).
Mas de que importa sentir-se bem consigo? Lá dentro a gente dá um jeitinho brasileiro, o que importa é posar de modelo de vivente, assim seremos aceitos por nossos semelhantes perfeitos, pois eles, ah, eles não erram!

samedi, janvier 31, 2009

Magra, infeliz e... morta.

Verão. Tempo de exibir o que mais orgulha a alguns: o corpo. O problema é que está cada vez mais difícil de ver alguém com esse orgulho: o maldito está sempre engordando! Nem filhos recebem castigos tão penosos de seus pais como os corpos recebem de seus donos. Sejam esses donos pais (ou mães) ou não, são capazes de passar dias sem almoçar - e aí já se pressupõe também "sem jantar" - para acompanhar o emagrecimento agudo de suas carcaçasDIGO, de seus sarados corpos. Tipo esquisito, não? Talvez alguma espécie de alienígena mais obscura do que a do simpático E.T. Eis que, ainda adolescente ou mesmo no início da vida adulta, um ser humano consegue, não comendo, no mínimo bulimia ou anorexia. No máximo, morte. Entre 40 e 50 anos, esse mesmo ser humano já não tem o mesmo metabolismo e pode passar a engordar com mais facilidade, isso é fato. Também já não tem o mesmo sistema imunológico, entretanto, e pode passar a morrer com mais facilidade, caso não ingira alimentos.

Dizem que comer é muito bom. Causa mais felicidade, também.
Experimente! Sua vida agradece.

mercredi, janvier 21, 2009

Olhou-se no espelho e não reconheceu a mesma pessoa de minutos atrás. Não havia motivo para isso, necessariamente, mas ainda assim estranhou. Já faz tempo que tem idéias a seguir e verdades a contrariar, mas as forças opostas insistem em achar que sempre vencem e então a tal pessoa (a de fora do espelho) acaba voltando para lá, no chamado "banco dos réus" - se lhe permitem o drama (que na verdade bem ilustra, apesar de exagerado).



Nada mais.

mercredi, janvier 14, 2009

(Chega de?) saudade

Hoje senti falta deles. "Falta"? Que falta, falta. No entanto, não sei se eu deveria sentir que falta alguma coisa. Primeiro a gente torce por separações, depois se pega em momentos gays, sentindo um não-sei-quê de nostalgia - ou de tristeza, mesmo, que nostalgia é pra ser algo bom. Acho.
Será a música, cada vez mais presente, que gera esse clima melancólico? Bom, santa ela não é. Mas é coisa pouca pra ser o motivo.
Será o maldito líquido espesso e amarelado, também muito presente, o crucificado da vez? Ele sempre é, mas poupemo-lo (dessa vez).

Descoberta tardia: o culpado da tal saudade foi um simples caderninho de anotações - telefônicas ou não -, cotidiano tão perdido no tempo que até dificulta qualquer rememorar, mas que entristece, mesmo assim.

mercredi, janvier 07, 2009

Por trás da máscara

O poeta é um engenheiro - de obras feitas. Se aproveita do que é óbvio para construir, em meio a versos chantagistas, um mundo de verdades aparentemente novas. O que está claro, entretanto, é que todo mundo já cansou de ser ameaçado com os sentimentos desse "engenheiro de versos". Por que reclamas de barriga cheia, inspirador dos céus? Já não bastam as lágrimas (já) derramadas junto aos escombros de estrofes mal construídas, engenheiro das alturas? O que já está ali, pronto, não é mais novidade. Nada de sair colocando nome no que já tem (ou nem precisa de) dono. Ah, está faltando graça, entendo. Outra perspectiva? Algum adorno? Poeta, meu poeta, engenheiro dos (próprios) sonhos, também ousas ser arquiteto?