mercredi, juin 27, 2018

Feliz año nuevo?

Era noite de Ano Novo e estávamos em outro país. Os fogos pulavam lá no alto e nós ríamos, ríamos e ríamos. Já se podia ver o efeito alucinógeno em todos. Uma viagem ótima, com tudo planejado, no maior conforto e... *PLIM!* - Conforto. Na mudança de fisionomia do meu irmão, percebo a expressão de quem viu o mesmo que eu acabava de ver.

No Brasil, muita gente também estaria tomando champagne. Alguns certamente estavam pulando as sete ondas, fazendo promessas ou usando roupas íntimas de cor X. Bastante gente, apesar das agruras do ano que passava, estava feliz. Aposto. Mas sempre há aqueles muitos e muitas que nunca conheceram a tal de felicidade - essa que nós, bebedores de cerveja artesanal, tanto buscamos. E nunca encontramos.

Aquela noite, num país vizinho, não vimos nada diferente do que vemos todos os dias aqui em Porto Alegre. Enquanto a nossa maior preocupação era a de estar felizes naquele momento, uma cena arrancou brutalmente meu irmão e eu daquele estado de euforia: em meio ao clima de festa generalizado, aos nossos pés, um homem negro dormia na rua.

Passava da meia-noite. Todos se abraçavam, riam e festejavam. Esse homem, no entanto, não tinha a menor razão para comemorar coisa alguma. E nós, os brancos, preocupados em decidir entre a cerveja e o espumante.

Era Ano Novo e ele planejava... dormir (no chão). E nós, ocupados em não sentir calor nem frio, optando entre um casaco e outro. Já ele, na calçada fria de um bairro nobre no sul da América do Sul, tinha um cobertor. E só.