Pensava que todos entenderiam suas piadas, não é que fosse estúpida ou inconveniente. Por que diabos os outros já saíam jogando pedras, se quem falhou em não compreender foram eles? Passou a pedir demasiados perdões, após certo tempo. Na dúvida, se desculpava: "é que já protagonizei maus bocados por culpa de minhas piadas ditas infames, então...", e fazia aquela cara de fazer-o-quê.
Já sentia certa amargura no espírito, pois não era mais a mesma - e a mesma, aliás, agradava-lhe bem mais. Envelhecia mais de esperança do que de pele. Porém, as idéias estavam lá, firmes. Mais formadas, talvez, do que seu corpo, que já não era mais o mesmo, também. Nada mais era a mesma coisa, e isso lhe causava certo misto de prazer em fugir da rotina com saudades de sentir-se menos confusa e mais ignorante - aquela ignorância boa, de quando viver parecia mais simples. Vontade de fugir ao passado ou ao futuro? A verdade é que o presente jamais a satisfaria por completo... quem sabe no futuro?
Outrora, buscava a felicidade em acontecimentos grandiosos que mudassem para sempre a sua vida, mas frustrou-se. Vem se frustrando, aliás, porque as ilusões - por serem passageiras - nada mais fazem do que isso: passar. E ficam passando, sem parar, cumprindo com uma obrigação melancólica, sequer desconfiando de que deveriam ir passear, em vez de ficarem ali, esclarecendo vida alheia. E quanto mais buscou (a felicidade), mais afastou (a felicidade). Não procurou tristezas... Por que raios elas apareceram?
Experimentou, então, desistir da longínqua felicidade plena e viver cada momento como se fosse o último. Mas o problema já veio na raiz: só era feliz durante esses momentos. E depois? Mais momentos. Certo, mas... e nos intervalos? Pausa para o lanche? Não sentia mais o gosto de nada, e já sentia-se bem alimentada de eternos meros momentos. O show tem que continuar, pensava - não há tempo para gulodices.
Mas nesse momento, enquanto criava estômago para seguir em frente, deu-se conta de que intervalos são muito comerciais. Não quis mais parar seu espetáculo toda hora e à toa, já que concluiu - sozinha - que não tinha nada de interessante pra fazer nesse meio tempo. E os intervalos só não foram mais comerciais porque não foram convincentes: descobriu que, emendando um momento no outro (se os costurasse bem nos intervalos), faria-os deixarem de ser momentos. Claro que não digeriu a idéia de primeira, mas foi pensando nisso, enquanto descia do palco imaginário que (não) criou e enquanto tirava a maquiagem que não cobria tanto os seus olhos que não pudesse enxergar o caminho de volta. De repente, fez uma piada para si mesma, e não a entendeu. Mas não pediu desculpas, apenas riu. Depois reparou, por acaso, que se sentia bem naquele momento. Era um momento de felicidade.
Já sentia certa amargura no espírito, pois não era mais a mesma - e a mesma, aliás, agradava-lhe bem mais. Envelhecia mais de esperança do que de pele. Porém, as idéias estavam lá, firmes. Mais formadas, talvez, do que seu corpo, que já não era mais o mesmo, também. Nada mais era a mesma coisa, e isso lhe causava certo misto de prazer em fugir da rotina com saudades de sentir-se menos confusa e mais ignorante - aquela ignorância boa, de quando viver parecia mais simples. Vontade de fugir ao passado ou ao futuro? A verdade é que o presente jamais a satisfaria por completo... quem sabe no futuro?
Outrora, buscava a felicidade em acontecimentos grandiosos que mudassem para sempre a sua vida, mas frustrou-se. Vem se frustrando, aliás, porque as ilusões - por serem passageiras - nada mais fazem do que isso: passar. E ficam passando, sem parar, cumprindo com uma obrigação melancólica, sequer desconfiando de que deveriam ir passear, em vez de ficarem ali, esclarecendo vida alheia. E quanto mais buscou (a felicidade), mais afastou (a felicidade). Não procurou tristezas... Por que raios elas apareceram?
Experimentou, então, desistir da longínqua felicidade plena e viver cada momento como se fosse o último. Mas o problema já veio na raiz: só era feliz durante esses momentos. E depois? Mais momentos. Certo, mas... e nos intervalos? Pausa para o lanche? Não sentia mais o gosto de nada, e já sentia-se bem alimentada de eternos meros momentos. O show tem que continuar, pensava - não há tempo para gulodices.
Mas nesse momento, enquanto criava estômago para seguir em frente, deu-se conta de que intervalos são muito comerciais. Não quis mais parar seu espetáculo toda hora e à toa, já que concluiu - sozinha - que não tinha nada de interessante pra fazer nesse meio tempo. E os intervalos só não foram mais comerciais porque não foram convincentes: descobriu que, emendando um momento no outro (se os costurasse bem nos intervalos), faria-os deixarem de ser momentos. Claro que não digeriu a idéia de primeira, mas foi pensando nisso, enquanto descia do palco imaginário que (não) criou e enquanto tirava a maquiagem que não cobria tanto os seus olhos que não pudesse enxergar o caminho de volta. De repente, fez uma piada para si mesma, e não a entendeu. Mas não pediu desculpas, apenas riu. Depois reparou, por acaso, que se sentia bem naquele momento. Era um momento de felicidade.