Se somos sinceros demais, não gostam da gente. Se de menos, também não gostam. Querem que sejamos o equilíbrio perfeito de tudo o que há de mais equilibrado nessa vida. Ter essa opinião generalizada é tendencioso; logo, sou uma pessoa desequilibrada. Então não gostam de mim. Fazer o quê? Só há duas alternativas: seja quem você é sem-se-importar-com-o-que-pensam-tô-nem-aí, ou então sirva de molde para ser ser-humano perfeito e pode-se (de podar) a cada crítica. As opções tão aí, 50% de chance de dar certo. A não ser que não haja alternativa correta, e nesse caso o que acontece é a anulação. Linguagem técnica de concursos à parte, a metáfora convém, sim. Se não agradamos às pessoas de nenhuma forma, passamos à autoanulação (sem hífen - pra não perder a piada da moda, a la réforme).
Mas de que importa sentir-se bem consigo? Lá dentro a gente dá um jeitinho brasileiro, o que importa é posar de modelo de vivente, assim seremos aceitos por nossos semelhantes perfeitos, pois eles, ah, eles não erram!
Mas de que importa sentir-se bem consigo? Lá dentro a gente dá um jeitinho brasileiro, o que importa é posar de modelo de vivente, assim seremos aceitos por nossos semelhantes perfeitos, pois eles, ah, eles não erram!
3 commentaires:
Grande Melissa! Lendo este teu post lembrei-me do POEMA EM LINHA RETA, do Fernando Pessoa. Adequadíssima essa tua percepção de que nossa inadequada condição põe-nos na pressionadíssima berlinda do "jeitinho brasileiro" de nos integrarmos aos outros de (quase) qualquer jeito. Faz pensar, e muito. Como tudo o que escreves.
Beijos, parabéns, e obrigado pelo toque de lucidez.
Teu leitor!
Já que o ambiente exala Pessoa
me permito incluir mais um que possa ter a ver com essas inquietações aqui transmitidas
Tabacaria, também do Álvaro.
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?)..."
(vale a pena ser lido na íntegra)
Mas é, estamos aí para ser moldados pelos padrões. Somos geléias, cada um recebe um rótulo e parece que dali não pode sair;
grande engano (o deles).
Não querem o 8, mas longe de poder ser o 80 (comparação bem bobinha). Exige-se um meio termo inexistente, barrando a expressão do ser de cada um.
Agradar aos outros, puramente para ser aceito. Até quanto?
Nem sempre.
não, porque nem sempre.
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