Aquela frase havia permanecido para sempre em sua memória, desde a data em que fora proferida. "A cada dia gosto mais de ti". Ainda que já suspeitasse, sempre se deu mal em relação a conclusões precipitadas, então... preferia demonstrar surpresa, dali em diante. Era mais bonitinho e menos arrogante. "A cada dia gosto mais de ti"... Para se dizer algo assim, certamente tem-se que pensar muito bem. Já havia decorado exatamente palavra por palavra, na mesma ordem. Também havia feito as representações sintáticas das orações e arrisco dizer até que saberia repetir a sentença em vários outros idiomas. Cabe refletir sobre a ideia de ascensão que ela passa: não é "gosto de ti" ou "gosto muito de ti". É CADA DIA mais. Ou melhor... era.
Não será narrada aqui alguma possível e complexa evolução desse sentimento, dessa história. Também não se entrará em méritos, pois não há "certo" ou "errado" ao se gostar de alguém. Não passa de uma verdade, por assim dizer. Ou não passava, pois já estamos no fim da história, e ela, que um dia emitiu a tal encantada frase, foi embora para muito longe e nunca mais voltou.
Hoje, já é futuro e "cada dia mais" ficou no passado, para o resto dos dias.
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